Bem Vindo ao Blog de Biologia do Pedro Carvalho
Profcardy.Com

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Animais sobrevivem à radiação na área de Chernobyl



A zona de exclusão ao redor da central nuclear de Chernobyl transformou-se em um santuário ecológico, apesar de ser uma das áreas mais contaminadas do mundo.
Todas as pessoas foram evacuadas há 20 anos, deixando toda a área só para os animais, que se multiplicaram. Espécies que não eram vistas havia décadas, como o lince e a coruja gigante, começaram a retornar.
Até mesmo surpreendentes pegadas de ursos, animais que não eram vistos na Ucrânia havia séculos, foram encontradas na região.
"Parece que os animais não sentem os efeitos da radiação e ocupam a área, independentemente dos níveis de radioatividade", diz o ecologista Sergey Gaschak.
"Várias aves estão fazendo ninhos dentro do 'sarcófago', diz ele, se referindo à estrutura de aço e concreto que foi construída ao redor do reactor para conter a radiação, após a explosão em 1986.
"Estorninhos, pombos, andorinhas, rabiruivos – eu vi ninhos e encontrei ovos dessas espécies."
Pode haver plutônio na região, mas não há pesticidas, indústrias ou tráfego. E os pântanos não estão mais sendo drenados.
Com exceção do reaparecimento do seu predador, o lobo, não há nada para perturbar a procriação do javali selvagem. A população do animal teria aumentado em oito vezes nos dois anos seguintes à explosão.

Impróprio para comer
A situação não foi assim tão rósea nas semanas seguintes ao acidente no reactor de Chernobyl, quando os níveis de radiação eram muito mais elevados.
Quatro km da floresta de pinheiros vizinha à central ganharam uma cor marrom-avermelhada, passando a ser conhecida como Floresta Vermelha.
Alguns animais nas áreas mais atingidas também morreram ou simplesmente pararam de se reproduzir.
Embriões de ratos simplesmente se dissolveram, enquanto cavalos deixados em uma área de 6km da central morreram quando suas glândulas tireóides se desintegraram.
O gado na mesma área também foi fortemente afetado nas tireóides, mas a segunda geração desses animais nasceu surpreendentemente normal.
Ainda é comum para os animais ter níveis altos de radiação que impedem que a sua carne seja consumida. Mas no resto, eles são saudáveis.
Adaptação

Em Chernobyl, há uma distinção entre os animais que vivem em áreas limitadas, como ratos, e animais maiores, como alces, que entram e saem de áreas contaminadas.
Os animais que vivem em áreas maiores têm índices menores de contaminação do que aqueles que ficam mais próximos à central.Mas há sinais de que as pobres criaturas afectadas pela radiação tenham desenvolvido uma notável capacidade de adaptação.
Sergey Gaschak fez experiências com ratos na Floresta Vermelha – que está voltando a crescer, ainda que com árvores deformadas.
"Marcamos animais e os recapturamos depois", explica. "Constatamos que os animais da área estão vivendo tanto quanto os de áreas normais."
O próximo passo foi levar ratos normais para a floresta e fechá-los na Floresta Vermelha. "Eles não se sentiram muito bem", disse Gaschak. "A diferença entre os animais 'locais' e os outros ficou bastante evidente", diz.


Mutação


Em toda a sua pesquisa, Gaschak encontrou somente um rato com sintomas de câncer.
Ele encontrou amplos sinais de mutações genéticas, mas nada que afectasse a fisiologia dos animais ou sua capacidade de se reproduzir. "Nenhum bicho de duas cabeças."
Mary Mycio, autora de Wormwood Forest, uma história da área de Chernobyl, conta que um animal mutante na natureza normalmente morre e é devorado antes que cientistas possam encontrá-lo.
Em geral cientistas se preocupam mais com a população de uma espécie e não com animais específicos.
Mas ela também argumenta que os benefícios de ter tirado a população da área superou muito qualquer problema criado pela radiação.

No seu livro, Mary Mycio cita o ambientalista James Lovelock, que escreveu para o jornal inglês The Daily Telegraph, em 2001, sobre a "inesperada evolução" da vida animal da região.
"Fico pensando que pequenos volumes de lixo nuclear vindos de centrais nucleares possam ser despejados em florestas tropicais e outros ecossistemas que precisem de uma vigilância contra a destruição de empreiteiros gananciosos", ele disse.
Uma grande parte da região afectada pela radiação de Chernobyl, já em Belarus, foi oficialmente transformada numa reserva natural.
Sergey Gaschak quer que a Ucrânia faça o mesmo e crie uma reserva nos 2,5 mil km² vizinhos à região.
Ao contrário do Partido Verde Ucraniano, Gaschak não se incomoda se o governo levar adiante seus planos de construir um depósito profundo de lixo nuclear na área, com detritos de centrais de todo o país. Ele acredita que a coruja gigante não vai se importar.

Protetor solar causa infecções em corais, diz estudo


Resíduos de protector solar que ficam na água do mar são extremamente danosos aos corais, segundo um estudo publicado no Environmental Health Perspectives.

Segundo a pesquisa, os componentes químicos das loções que bloqueiam os raios ultravioleta solares provocam uma infecção viral que causa o branqueamento dos corais, uma condição que leva à morte do organismo.
"Nós comparamos diferentes marcas, factores de protecção e níveis de concentração e todos os produtos causaram o branqueamento dos corais duros", escreveu Roberto Danovaro, da Universidade Politécnica de Marche, em Ancona, na Itália, que liderou o estudo.

O estudo - realizado no México, Indonésia, Tailândia e Egito - mostrou que o dano pode ser causado mesmo por pequenas quantidades do produto.
Segundo a equipe, 78 milhões de turistas visitam anualmente regiões onde há reservas de corais. Grande parte dos turistas - 90% - se concentra em 10% das áreas de corais. Um mergulho de 20 minutos já é suficiente para para deixar na água 25% dos componentes químicos dos protectores solares.
"De acordo com essas estimativas, nós acreditamos que até 10% das reservas de corais do mundo estão ameaçadas pelo branqueamento causado pelos protectores solares", diz o estudo.
Os pesquisadores fizeram um apelo para que leis ambientais limitem o contacto humano com corais em áreas onde outras ameaças ambientais, como uma crescente temperatura do mar, estejam presentes.
"Nossos resultados oferecem provas fortes sobre o potencial impacto desses produtos em habitats tropicais e representam um dado que deve ser levado em conta ao se estabelecer medidas de proteção aos corais"