Assim como a chamada pílula do dia seguinte é usada para evitar uma gravidez indesejada, existe o cocktail do dia seguinte contra a SIDA. O tratamento consiste em ingerir de dois a seis comprimidos, durante um mês, para prevenir a infecção. É indicado principalmente para mulheres estupradas(violadas) e médicos que estiveram em contato com sangue de pacientes contaminados. Agora outro público tem recorrido ao medicamento: jovens que fazem sexo casual sem preservativo.
O cocktail anti-sida é usado durante toda a vida por pacientes com a doença. O HIV se aloja principalmente nos linfócitos CD4, células que comandam o sistema imunológico. Os remédios impedem a proliferação dos CD4 e devem ser tomados até 72 horas depois do contágio – depois desse período a multiplicação no intestino é rapidíssima.
Existe um risco ainda maior em relação ao cocktail: o de que seja usado como método preventivo, antes mesmo do sexo. Pesquisadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, ministraram o cocktail a ratos geneticamente modificados, com sistema imune idêntico ao humano. Depois submeteram as cobaias ao vírus. Nenhum foi infectado, diz a revista científica PLoS Medicine.
Não há, no entanto, garantia nenhuma do mesmo resultado em seres humanos. A principal arma contra o VIH ainda é a prevenção. “Infelizmente não vemos esperança em encontrar uma vacina contra a sida”, disse o biólogo David Baltimore, presidente da Associação Americana para o Avanço da Ciência, na abertura da reunião anual da entidade, na semana passada, citado pela BBC. O VIH encontra inúmeras maneiras de enganar o sistema imunológico. Mesmo sem muita perspectiva, garante Baltimore, as pesquisas prosseguirão.